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Writer's pictureMarcia Murata

O papel da Nutrição nas Doenças Autoimunes


A causa raiz de todas as doenças autoimunes é a mesma: um sistema imunológico "confuso" e desregulado. Quando bem regulado, o nosso sistema imunológico nos protege de microorganismos invasores, mas quando está confuso, se volta contra nós e ataca nossos tecidos, órgãos, células e proteínas. Quais proteínas, células e tecidos atacados determinam a doença autoimune e seus sintomas.

O que difere uma doença autoimune da outra é quais órgãos ou tecidos o sistema imunológico "ataca", baseado em um conjunto de fatores como estilo de vida, genética, nutrição e saúde emocional de cada pessoa. r

Por exemplo, na psoríase, as proteínas dentro das camadas de células que compõem a pele são atacadas, enquanto que na tireoidite de Hashimoto, a glândula tireoide é atacada. Na artrite reumatóide, os tecidos das articulações são atacados, e assim ocorre com outras doenças.


Na autoimunidade, cerca de 30% das pessoas terão níveis mensuráveis ​​de autoanticorpos (anticorpos que se ligam a alguma proteína em nossos próprios corpos) em seu sangue. Este "acidente" do sistema imunológico é comum, mas o nosso sistema imunológico tem meios para checar e identificar essa autoimunidade e suprimí-la.

Mas em um corpo com um sistema imunológico "confuso", além do "acidente" da autoimunidade, ocorre também a falha desse sistema imunológico, de fazer a checagem e identificação da autoimunidade. Então este corpo começa a "se atacar" e os sintomas aparecem.

E então, numa tempestade perfeita, a autoimunidade encontra um estilo de vida e ambiente que muitas vezes não estão adequados, juntamente com a predisposição genética - e então a doença autoimune aparece.


Mas qual o link da Nutrição com as Doenças Autoimunes?


Muitas vezes, a nossa alimentação pode estar inflamando o nosso corpo, mesmo que estes alimentos sejam saudáveis. Nós somos bioindividuais, e portanto, únicos em nossa individualidade bioquímica. No nosso dia-a-dia, podemos estar deixando de comer alimentos que são densos em nutrientes, e repetindo muito daqueles que são inflamatórios.


A inflamação é um fator comum em todas as doenças crônicas e autoimunes, e os alimentos que ingerimos podem fazer uma diferença enorme. Isso significa que reduzir a inflamação e dar ao sistema imunológico as ferramentas (vitaminas!) de que ele precisa, bem como a oportunidade de se regular, pode ajudar em todas as doenças crônicas. A

É importante lembrar que inflamação é fortemente influenciada pelo que comemos, mas também pelo quão bem dormimos, quão estressados ​​estamos e quão ativos somos. E é por isso mudanças na rotina alimentar e estilo de vida influenciam tão positivamente a vida das pessoas com doenças autoimunes e crônicas.


A comida tem um grande potencial terapêutico para todas as doenças crônicas – mas não é uma cura milagrosa para as doenças. Dependendo da doença com a qual você está lutando, há quanto tempo você a tem, quão agressiva é a doença e outros fatores, as mudanças na rotina alimentar podem por exemplo parar a progressão da sua doença, retardar o progresso, melhorar sua qualidade de vida e sintomas e até mesmo levá-lo até a reversão completa de sua doença. Mas tudo isso depende muito de como você está, como faz estas mudanças e como o seu corpo responde.


Alimentação Anti-inflamatória e antioxidante promove um equilíbrio imunológico saudável


Uma rotina alimentar baseada em "comida de verdade", anti-inflamatória e antioxidante pode ajudar diminuir a inflamação e o estresse oxidativo e promover um equilíbrio imunológico saudável. Pode também promover melhor saúde intestinal - que está intimamente ligada com a saúde do nosso corpo como um todo.


Além de uma alimentação anti-inflamatória, uma alimentação antioxidante pode ajudar imensamente. Durante uma resposta imune, há um aumento na produção de radicais livres, o que pode resultar em estresse oxidativo (que é um desequilíbrio entre pró-oxidantes e antioxidantes), que resulta em danos biológicos. Grande parte dos danos na doença autoimune pode estar ligada aos danos dos radicais livres nas membranas e tecidos celulares.


Estudos documentaram que o estresse oxidativo e a baixa atividade antioxidante ocorrem na doença autoimune. O antioxidante vitamina E é deficiente em 50% a 60% dos pacientes com artrite reumatóide [2].

Em um outro estudo [3], descobriu-se que pacientes com esclerose múltipla têm uma capacidade antioxidante significativamente menor em comparação com indivíduos de controle.


Portanto, não adianta apenas evitar o glúten ou lactose. É necessário uma rotina alimentar robusta em nutrientes e variada em qualidade, para que o corpo possa ter acesso a todos os recursos que precisa para se re-equilibrar e restaurar também a saúde intestinal.

Dessa forma, é possível diminuir a inflamação e stress oxidativo, que podem levar ao equilíbrio do corpo.

Uma alimentação baseada em "comida de verdade", centrada em vegetais de folhas verdes, legumes e verduras e frutas variadas, peixes com alto teor de gordura, proteínas de boa qualidade, gorduras boas como abacate e oleaginosas em moderação e hidratação adequada é essencial para a recuperação e restauração do corpo.


Em um estudo publicado em 2017 [4], 15 pacientes com doença inflamatória intestinal ativa foram colocados no Protocolo Autoimune AIP e foram monitorados de perto, tendo acesso a suporte adequado durante o processo. Houve remissão clínica na semana 6 em 73% dos participantes, e permaneceram em remissão durante a fase de manutenção de 5 semanas do estudo. 100% dos pacientes (incluindo aqueles que não alcançaram remissão clínica) apresentaram melhora quantificável na atividade da doença ao longo do estudo.

Um outro estudo, em 2019 [5] acompanhou 17 mulheres com tireoidite Hashimoto no Protocolo Autoimune AIP por 6 semanas, seguidas por uma fase de manutenção de 4 semanas. Todos os pacientes tiveram uma melhora estatisticamente significativa na pontuação de qualidade de vida relacionados à saúde (conforme medido pelo Questionário de Sintomas Médicos (MSQ) do Cleveland Clinic Center for Functional Medicine). A carga de sintomas clínicos (medida pelo MSQ), diminuiu de uma média de 92 no início do estudo para 29 após as 10 semanas. Observou-se também reduções estatisticamente significativas na proteína C reativa e na contagem de glóbulos brancos.


A alimentação adequada para você é uma ferramenta poderosa de manejo dos seus sintomas e da sua doença. Muitas vezes é combinada com as terapias da medicina convencional, e outras terapias integrativas - que somadas, podem melhorar significativamente a sua qualidade de vida!


Para saber mais sobre:


  • Alimentos inflamatórios veja este artigo

  • O que é o Protocolo Autoimune AIP veja este artigo

  • O que é a Nutrição Personalizada Autoimune veja este artigo


E qualquer dúvida, entre em contato comigo!







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