Porquê é difícil o diagnóstico de Doenças Autoimunes?
Hoje existem mais de 100 doenças autoimunes confirmadas e cerca de 40 doenças mais pensa-se ter origem ou envolvimento autoimune. As doenças autoimunes podem representar até 50% das doenças crônicas sofridas hoje no mundo, e a prevalência de doenças autoimunes está aumentando a cada ano que passa. Segundo os dados de uma pesquisa feita pela British Society for Immunology, diferentes tipos de doenças autoimunes aumentam cerca de 3 a 9% todo ano, incluindo:
Aumento de 7% ao ano de doenças reumáticas, como artrite reumatóide
Aumento de 6,3% de condições endocrinológicas, como diabetes tipo 1
Aumento de 3,7% de doenças neurológicas, como Esclerose Múltipla
A doença celíaca em cerca de 4-9% aumento ao ano
Segundo uma outra pesquisa feita pela AARDA (American Autoimmune-Related Disease Association), nos parece que a incidência está aumentando entre os jovens adultos, sendo Diabetes tipo 1, Doença de Chrons, Esclerose Múltipla, Psoríase e Lúpus as mais comumente encontradas nesta população.
As doenças autoimunes são confusas?
Embora existam muitos estudos e pesquisas sobre as doenças autoimunes, alguns imunologistas e reumatologistas reconhecem que a autoimunidade pode ser uma área de pesquisa a ser expandida, porque ainda estão descobrindo características que definem um distúrbio como autoimune ou não. Isto porque alguns distúrbios nem sempre apresentam autoanticorpos, mas respondem bem a tratamentos que afetam o sistema imunológico, sugerindo que as doenças têm um componente autoimune.
A Psoríase e a Colite ulcerosa dois exemplos que se encaixam neste grupo de doenças.
A autoimunidade envolve autoanticorpos – ou proteínas do sistema imunológico que ""marcam os próprios tecidos de um organismo como "ameaças" e portanto, devem ser destruídos – juntamente com as células T e B que atuam como "agentes" desse ataque.
As características das doenças autoimunes então, são bem marcantes e distintas de outras condições de saúde como câncer, doenças coronarianas e outras.
Mas se as doenças autoimunes já são tão estudadas, porquê são tão difíceis de serem diagnosticadas?
Existem vários fatores que contribuem para a dificuldade de um diagnóstico único e preciso. Isto em parte se deve justamente porque não existe um único exame que possa dar este diagnóstico.
Os profissionais de saúde, médicos tem que montar um “quebra cabeça”, analizando múltiplos exames, exames físicos, biópsias e mais.
O outro fator é que as doenças autoimunes são uma coleção de sintomas muito vagos e que muitas vezes não fazem muito sentido isoladamente (como cansaço, dor de cabeça, dor nas articular!oes, músculos etc.)
Muitas vezes estes sintomas são classificadas como:
"Apenas" cansaço
Stress
Pouco tempo de sono
"Trabalhando demais"
Idade
Problemas de "digestão"
Peso (muito ou pouco)
Existem ainda algumas condições de saúde que possuem autoanticorpos e podem estar relacionadas à autoimunidade - mas que não são de fato reconhecidas como doenças autoimunes por não constar em uma pesquisa feita por Cook e Hayter, ou não estar em nenhum compêndio da AARDA, ou porque alguns especialistas afirmam que certas características biológicas tornam seus status discutível. São elas:
Miocardite
Neuromielite óptica
Nefropatia membranosa primária
Púrpura trombocitopênica trombótica
O difícil caminho até o diagnóstico
Uma pesquisa feita pela AARDA mostrou que a maioria dos pacientes que mais tarde descobriram ter uma doença autoimune grave, tiveram dificuldade em obter um diagnóstico: 45% foram taxados de hipocondríacos nos estágios iniciais das suas doenças, mas com um padrão consistente de doença autoimune. Na mesma pesquisa, foi mostrado também que o paciente pode levar até 3 anos e meio e passar por 5 a 6 médicos até ter o seu diagnóstico definido.
É estimado por exemplo, que a doença Celíaca é diagnosticada em apenas 5% das pessoas que sofrem com a doença.
Isto é muito triste, porque muitas pessoas desistem, e aquelas que lutam para conseguir um diagnóstico preciso (e portanto um tratamente que as ajudem!) sofrem de dor, mal estar, stress, e danos aos órgãos e tecidos do seu corpo.
Sintomas isolados que juntos podem ser "pistas" e informações para ajudar o médico no diagnóstico
Estudos medindo a porcentagem de pessoas saudáveis que tem autoanticorpo em seu sangue (anticorpos que atacam o seu próprio corpo) mostram que 20 a 30% destas pessoas estão potencialmente em estágios iniciais de alguma doença autoimune (mas lembrando que a doença autoimune requer muito mais que a formação de autoanticopos).
Muitas vezes vivemos com alguma dor aqui e ali mas não nos deixam mesmo depois de 3 meses, ou um problema de visão que não se resolve, um problema digestivo insistente que não vai embora, mas não nos atentamos que podem ser avisos que o corpo envia quando não está bem.
Alguns sintomas que são associados com estágios iniciais da doença autoimune incluem:
Alergias
Ansiedade e depressão
Alterações da pressão arterial (geralmente baixa)
Problemas digestivos
Fadiga extrema
Doença da vesícula biliar
Baixo teor de açúcar no sangue
Mal-estar
Problemas de memória
Enxaquecas
Dores musculares ou articulares
Fraqueza muscular
PMS
Erupções cutâneas e outros problemas de pele
Dores de cabeça recorrentes
Resistência à perda de peso
Distúrbios do sono
Suscetibilidade a infecções
Glândulas inchadas
Problemas de tireóide
Alterações de peso inexplicáveis
Infecções fúngicas
O que você pode fazer
Não entre em pânico se você tiver alguns destes sintomas – isso não significa necessariamente que você tem ou desenvolverá doença autoimune (pois existem outras causas de cada um desses sintomas). No entanto, se você está sofrendo de algum desses sintomas, você pode agir agora para começar a cuidar do seu corpo para ele não começar a “gritar” por socorro.
Se você tem algum sintoma que não vai embora e está com você há alguns meses, insista na investigação e converse com os médicos. Vale a pena checar e acompanhar a evolução dos sintomas com os seus médicos.
A prevenção pode ser uma arma poderosa, especialmente se você tem alguém na família com algum histórico de doença autoimune.
Outra coisa que você pode fazer por você, é cuidar da sua alimentação e estilo de vida, porque isso nunca é demais.
Não digo que todos devem seguir o Protocolo Autoimune AIP ou outro protocolo - mas é sem dúvida de grande valor pelo menos saber o que é bom para você e o que não.
Comece fazendo pequenos ajustes no seu estilo de vida, como tentar exercitar-se pelo menos 3 vezes por semana, desligar o celular após as 20hrs, dormir cedo e acordar todo dia no mesmo horário. Você pode tentar consumir mais frutas, legumes e verduras, porque estes permitem que as bactérias boas que vivem no nosso trato digestivo cresçam em diversidade e portanto, mantenham a nossa boa saúde intestinal e imunológica.
Comece prestar atenção, quantas vezes por semana você vai ao banheiro (todo dia é o ideal), como saem as suas fezes e como você se sente - e se tem alguma comida que te faz mal (mesmo que você ame!).
Quando estamos em sintonia com o corpo e mais importante - sabemos como ele funciona e a nossa BIOQUÍMICA INDIVIDUAL - conseguimos ter uma idéia clara das comidas que nos favorecem e que não.
E a partir daí podemos tomar as melhores decisões.
Conhecimento do nosso próprio corpo é fundamental para o nosso equilíbrio e a chave para uma vida saudável.
Até a próxima e se você tiver dúvidas, ou algum comentário entre em contato comigo!