Ah os ovos! Tão amados por todos e cheios de vitaminas, sendo uma excelente fonte de proteínas, luteína, ácidos graxos ômega-3, zeaxantina, colina, selênio, fósforo, vitamina A, vitamina D e vitaminas do complexo B.
Mas é também um dos alimentos mais alergênicos, com cerca de 2 a 3% da população mundial sendo afetada. Tem muita gente com sensibilidade a ovos também, mesmo que não sejam alérgicas.
Mas porquê os ovos podem ser um problema?
O ovo é basicamente composto da clara e da gema, e uma das principais funções da clara é proteger e nutrir a gema (porque dentro dela, o embrião cresce). A clara tem várias enzimas que permitem que ela exerça essa função, e tem também algo que se chama lisozima.
A lisozima tem a capacidade de formar complexos fortes com outras proteínas, e passa pelo nosso sistema digestivo com as outras proteínas da clara do ovo. Muitas destas proteínas são inibidoras de protease - ou seja, muitas destas enzimas (e destes grandes complexos formados) são resistentes à digestão pelas nossas enzimas digestivas.
A lisozima também passa "viajando" pelo nosso intestino, formando estes grandes complexos de proteínas e se ligando a outras proteínas bacterianas normalmente presentes no nosso corpo, como a E. coli. Uma outra propriedade da lisozima é a facilidade de penetrar pelas membranas ("vazando"através da barreira dos enterócitos do intestino), então juntando uma coisa com a outra - a capacidade da lisozima se ligar com outras proteínas (incluindo as proteínas da parede bacteriana), e a facilidade dela "vazar" pela camada de células do intestino, pode desencadear uma resposta autoimune nas pessoas que estão com a sua saúde em um momento mais frágil ou delicado, em que o seu sistema imunológico está confuso/desregulado. Esta é uma forma bem simplificada de ilustrar o mecanismo de ação da lisozima, que é bem mais complexo, mas resume bem a forma como ela age no nosso corpo.
Em pessoas saudáveis e sem nenhum problema autoimune ou crônico de saúde, a lisozima geralmente não causa problemas e danos ao revestimento do intestino. Mas realmente, no caso das pessoas com doenças autoimunes, que são mais sensíveis e que o corpo tende a ter respostas imunes e inflamatórias exageradas a proteínas estranhas na circulação, os ovos podem ser um problema.
Como vimos, a clara do ovo é composta de várias proteínas diferentes, além de se ligar a outras proteínas presentes no corpo, e quando estas proteínas caem na circulação com a lisozima, podem provocar a formação de autoanticorpos e assim, a produção de sintomas e/ou reações.
E as gemas?
As gemas são riquíssimas em colina, e geralmente não causam os problemas gerados pela clara. Entretanto - se você estiver seguindo o Protocolo Autoimune AIP ou estiver em uma rotina alimentar anti-inflamatória, recomendo cautela no consumo, pois as gemas são sensibilidade alimentar bem comum em pessoas com intestino permeável (leaky gut) ou disbiose.
Durante muito tempo em casa, as minhas filhas não comiam ovo e reduzimos bastante o seu consumo. Aos poucos, introduzi as gemas, e depois o ovo todo com a clara. Hoje consumimos ovos normalmente, mas sem exageros!
Então quantos ovos comer por dia?
Esta resposta depende de como está o seu corpo e como é a sua tolerância.
Realmente não há uma resposta universal e algo que sirva a todos, por mais que tenhamos as mesmas condições de saúde: cada um é bem bioindividual.
Eu gosto de seguir a recomendação (não à risca, mas na maioria das vezes) de 6 ovos por semana, do fundador dos conceitos da dieta Paleo, Prof. Loren Cordain.
Importante:
O consumo de ovos é recomendado se você não está na Etapa 1 de Eliminação do Protocolo Autoimune ou rotina anti-inflamatória
Procure variar as fontes de proteína. Como eu gosto de dizer, mesmo quando algo é bom, não deve ser consumido todo dia, repetidas vezes. Mesmo a melhor e mais saudável comida do mundo precisa ser alternada com outras fontes para evitar intolerâncias orais que podem se desenvolver
Qualidade dos ovos: procure consumir ovos orgânicos, de galinhas crescidas em pasto sempre que puder
Preste atenção aos seus sintomas e reações, sempre. Se o seu corpo "reclamar", evite ou reduza o consumo.
Ficou com dúvidas? Entre em contato comigo!
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